segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cemitério da Recoleta

Uma menina está sentada em um banco, sob a sombra de uma árvore. Tranqüila, lê seu livro, enquanto outras pessoas passeiam. Perto dali, jovens conversam e fazem piquenique, aproveitando a bela tarde de domingo. A cena seria normal, não estivessem os jovens em um ambiente onde se enterram os mortos. Nos charmosos e ostentosos cemitérios de Buenos Aires, cheios de esculturas e mármores, sepultamentos e mausoléus se misturam a passeios dos portenhos e visitas guiadas de turistas. Uma curiosa junção de morte, praça e museu. Costume raro para muitos povos, mas que é rotina na capital argentina e atrai cada vez mais turistas em busca das belezas e histórias que há por trás dos sepulcros da cidade. O Cemitério da Recoleta é o mais antigo e aristocrático de Buenos Aires. Os sepulcros e mausoléus foram obras, em muitos casos, de importantes arquitetos.

Os caixões chamam a atenção. Em vez de enterrados, são guardados sobre a terra, empilhados uns sobre os outros, dentro de mausoléus. Vidros e vitrais são colocados especialmente para que se possa vê-los. Macabro, para quem não está acostumado. O cemitério da Recoleta, no rico bairro de mesmo nome, é o mais famoso e destino obrigatório para quem está de passeio por Buenos Aires.

A imponência dos cemitérios argentinos começa pelas entradas, que lembram os antigos tribunais romanos, com altas e grossas colunas verticais. Cheios de bancos de praça e sombrosas árvores, o lugar ganha um ar de museu pelas esculturas, estátuas de anjo, bustos, capelas e monumentos. Dos 4,7 mil mausoléus, 82 são tombados como monumentos do patrimônio histórico nacional. "Os funerais realizados em Buenos Aires e a construção dos mausoléus se incrementavam à medida em que a sociedade portenha enriquecia e se europeizava", diz a pesquisadora Maria Rosa Rojo, autora do livro Histórias ocultas na Recoleta.

Inaugurado em 1822, em terras que até então eram dos monges recoletos, o da Recoleta é o primeiro cemitério público da cidade. Tem 54 hectares. Até então, os mortos eram enterrados nas igrejas ou nas terras sob sua administração, os chamados campos santos.

GLAMOUR - Com arquitetura múltipla de estilos, que variam de acordo com o gosto da família ou a moda da época em que foram construídos, os cemitérios abrigam desde cúpulas árabes até pedras cunhadas com passagens de batalhas do país para contar um pouco da vida do morto.

"É duro e forte, mas tenho que dizer que muitos mausoléus são lindos e que me impressiono cada vez que faço a visita", diz a guia da Recoleta, Alicia Braghni. Um dos mais belos é o que possui uma estátua de uma mãe deitada numa cama com um bebê, toda em mármore com detalhes trabalhados. As homenagens se estendem por toda parte. A estátua de uma moça abrindo a porta do mausoléu revela a história de uma jovem com uma doença rara que foi dada como morta e sepultada ainda viva. Ao despertar, ela tentou, em vão, escapar do caixão. Daí o tema da escultura.

O preparo para receber visitas é tanto que, assim como obras de arte nos museus, as tumbas mais procuradas podem ser localizadas por um grande mapa na porta ou por panfletos distribuídos durante as disputadas visitas guiadas. Em frente às tumbas mais importantes, formam-se filas. Não é raro que uma dessas visitas se misture a cortejos e que as pessoas abandonem a excursão para acompanhar um sepultamento.

"Estamos nos preparando melhor para receber os portenhos que gostam de vir aos cemitérios e os turistas que vêm conhecê-los. Queremos fomentar ainda mais esse costume e nos adaptar à indústria do turismo", explica o diretor dos cemitérios bonaerenses, Ernesto González.

Mas nem só pela rica arquitetura e beleza os cemitérios são atração na capital argentina. Eles guardam grandes personalidades da história e cultura do País; veja alguns famosos sepultados na Recoleta:

· Nicolás Avellaneda – ex-presidente da Argentina;

· Adolfo Bioy Casares – escritor;

· Miguel Juárez Celman - ex-presidente da Argentina;

· Vicente López y Planes – autor do hino nacional da Argentina;

· Luis Federico Leloir – bioquímico, ganhador do Prêmio Nobel de Química

· Bartolomé Mitre – político, escritor, militar e ex-presidente da Argentina;

· Carlos Pellegrini – político, advogado e ex-presidente da Argentina;

· Eva Perón – ex-primeira-dama da Argentina;

· Carlos Saavedra Lamas – político, advogado e ganhador do Prêmio Nobel da Paz;

· Domingo Faustino Sarmiento – escritor, político e ex-presidente da Argentina;

· Juan Andrés Gellyy Obes – general argentino, chefe do Estado-Maior na Guerra do Paraguai.

Fontes:

www.pil-ar.com.ar

www.cemiteriosparticulares.com.br

www.wikipedia.com

Entrada do Cemitério da Recoleta

Muros laterais

Jazigo de Eva Perón


Mapa do cemitério com destaque para o jazigo de Evita

Belíssimas esculturas

Verdadeiras obras de arte



Os caixões aparentes








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